segunda-feira, 28 de julho de 2014

O REINO DE DEUS... PEDRA PRECIOSA 17º DTC – MT 13,44-52


Ele é o tesouro escondido no campo do Reino, que se deixa encontrar. Ele é a pérola preciosa que nos faz procurar sem cessar. Ele é a rede da Igreja que é lançada ao mar, ao mundo e que recolhe todo tipo de peixe, uma multidão de pessoas, sem nenhuma discriminação.
O Reino já está no meio de nós: O Reino dos céus é comparável... a um tesouro – Mt  13,44; a uma pérola preciosa – Mt 13,45-46; a uma rede – Mt 13, 47-48. Em cada parábola nos é dito o essencial do Reino, que se deixa encontrar. 
Ele é a pérola preciosa que nos faz procurar sem cessar. Ele é a rede da Igreja que é lançada ao mar, ao mundo e que recolhe todo tipo de peixe, uma multidão de pessoas, sem nenhuma discriminação.
A parábola do tesouro escondido – Mt 13, 44, nos diz algo de importante sobre o Cristo ressuscitado.
Por que o homem que descobre o tesouro simplesmente não o pega, em vez de enterrá-lo novamente e comprar o campo onde estar enterrado? Há duas razões para isso: 1ª: o tesouro não pertence à pessoa; é o Cristo e o Cristo não pode ser apropriado. 2ª: um tesouro de grande valor requer que invistamos tudo o que possuímos para adquirir o campo no qual está enterrado.
 E adquirir o campo é tornar-se discípulo daquele a quem pertence o campo, portanto, de Deus.
O Cristo ressuscitado é seu tesouro mais precioso, que se deixa encontrar e que os convida a renunciar a tudo para descobrir e viver desse tesouro... porque aí onde está o tesouro, está o coração, e o coração do cristão deve bater no ritmo do Cristo Pascal.
A parábola da rede – Mt 13, 47-48, nos diz que a Igreja está a serviço do Reino e não é sua propriedade. A Igreja tem a responsabilidade de lançar a rede – o Cristo – ao mar, para recolher todo tipo de peixe.
 Não lhe cabe a tarefa de separar o que é bom do mau. São os anjos que virão para separar os homens  maus dos que são justos – Mt 13,49. Nossa missão cristã consiste, pois, em oferecer a todas e todos, sem exceção, a Boa Nova do Reino. O papel da Igreja é acolher todas aquelas pessoas que entram em suas redes.
‘Assim, pois todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas’ – Mt 13,52: Na nossa vida de fé é preciso continuamente construir o novo, conservando sempre o melhor do velho... o que significa que não devemos rejeitar o passado; devemos renová-lo tendo em presente a realidade e projetando seu olhar para o futuro. 
Na Igreja de hoje, extrair o novo do velho é, sem dúvida, não ignorar os valores das nossas sociedades contemporâneas: igualdade entre homens e mulheres, a liberdade de consciência e de religião, a dignidade de todas as pessoas... sua situação de vida, sua orientação sexual. Não ter em conta esses valores ambiciosos é necessariamente discriminar e é seguramente contrário às mensagens evangélicas.
Na nossa Igreja, temos a necessidade da sabedoria: "Dá, pois a teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e discernir entre o bem e o mal – 1 Rs 3,9; 1Rs 16-17. Sabedoria divina que faz nascer a esperança no coração do nosso mundo. 

O Reino de Deus não nos pertence, nós estamos ao seu serviço, que devemos ser pacientes, tolerantes para com todos os sujeitos do Reino e que devemos procurá-lo como a um tesouro ou uma pérola preciosa."
O oração: “... Existe a luz livre a que eu escolho aquela da qual não fujo. Mas uma vez nela pregado já não posso descer quando quero. 
Entregam-se  os projetos aos cravos, a fantasia aos espinhos o nome aos  rumores, os lábios ao vinagre e os bens à partilha. Aqui a cruz se chama fidelidade ao amor no amor, que é canto e fortaleza ressuscitando a ferida.” (Benjamin Gonzalez Buelta, sj).

Reflexão de Raymond Gravel, tradução de André Langer, ciclo A, Ano Liturgico A , 27.07.2014, publicada no Sítio Refléxion de Raymond Gravel, Unissinos.


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BRÁS DE PINA – RJ
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segunda-feira, 21 de julho de 2014

O JOIO E O TRIGO – 16º DTC – MT 13, 24-43


Homilia de Padre Givanildo Luiz Andrade no
16º Domingo do Tempo Comum
De onde ele vem?  Por que Deus não intervém para parar com isso? São perguntas que trazem inquietações ao coração do homem e as acompanham desde sempre. 
Ou melhor, estão entranhadas, arraigadas, enraizadas na sua alma. O inimigo do homem, o joio conforme diz Jesus, está plantado no próprio homem. 
O que o deixa cheio de pasmo: convive com o trigo, o bem ! crescem juntos. São “ plantados quase simultaneamente, um durante o dia, o outro, durante a noite. 
O que, os diferenciam são os semeadores. Um traz a semente do bem em si. O outro, a semente da maldade: amor e ódio, o bem e o mal, trigo e joio. Duas realidades diferentes alimentadas no mesmo solo: O coração do homem. 
“Ninguém pode pretender dizer: eu sou o bem e o outro é o mau. Como todos nós somos seres limitados, o bom e o mau está em todos nós. É por isso que querer extirpar o mal em nós é correr o risco de arrancar, ao mesmo tempo, o bem que há em nós”.
 No entanto há que se buscar saída, oportunidade, possibilidade, para que em meio a esta tensão, o Reino dos Céus possa crescer, tornar-se realidade e Cristo, Sumo Bem, “rasgue” a dureza da casca da semente, sua proteção, sua segurança e ela, como o trigo triturado para se  tornar farinha e pão
 que alimenta, venha em direção à existência humana trazendo a luz do Reino, pequeno ainda, é verdade, broto até, mas firme, porque vai em direção à luz que não se apaga, correndo em direção à paciência de Deus que “ensina que o justo deve ser humano e que dá a seus filhos a 
consoladora esperança do perdão dos seus pecados, arrancando o joio que há neles e, mostrando que não há, além d’Ele, outro Deus que cuide de todas as coisas” – Sb 12, 13.19 – assim, o Reino de Deus cresce em meio a nós, em nós.
A segunda leitura de hoje, Rm 8,26-27, traz-nos a realidade da força e vitória que nos alavanca para o êxito do acontecimento do Reino de Deus: no campo, no coração do homem, o Espírito vem em nosso socorro, com gemidos inefáveis.
Oremos pela Terra Santa e seus habitantes:
“ O terceiro dia de invasão terrestre israelense em Gaza foi o mais sangrento desde o início do conflito entre o exército israelense  e o grupo islâmico Hamas – para os dois lados. 

Segundo fontes médicas de Gaza, pelo menos 87 palestinos morreram, a grande maioria deles em bombardeios no bairro de Shujaya. 
O secretário-geral da ONU, Banki-Moon, e a Liga Árabe condenaram as mortes. Ban falou em “ações atrozes” de Israel, e a Liga Árabe  disse que foram cometidos “crimes de guerra”. 

O número total de mortos palestinos chegou a 430, o que incluiria 76 crianças e 36 mulheres. A agência  das Nações Unidas para refugiados palestinos ( UNRWA ) estimou em 81 mil o número de refugiados que deixaram suas casas.
Do lado israelense, o domingo foi o dia com mais baixas em oito anos, desde a segunda Guerra do Líbano, em 2006. Em um só dia , mais soldados morreram  do que toda a invasão anterior de Gaza, em 2009, que durou 18 dias e deixou 10 israelenses mortos. 
Ontem, 13 soldados morreram em confrontos com militantes do Hamas, elevando o número de mortos entre os israelenses, dede o começo do atual conflito, no dia 8 de julho, a 20 (18 soldados e 2 civis). Outros oito soldados estão em estado grave”
Daniela Kresch – especial para o Globo. Jornal o O Globo – Mundo – pg 20, 2ª Edição, Segunda-feira, 21.7.2014 ; Cf também  Raymond Gravel, 16º Domingo do Tempo Comum, UNISSINOS.

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segunda-feira, 14 de julho de 2014

“O SEMEADOR SAIU A SEMEAR” Mt 13,1-23– 15º DTC


Ele disse de si mesmo: ‘Se o grão de trigo não cai na terra e morre, fica infecundo; mas se morre, dá muito fruto’.
Passava, portanto, Jesus por algumas sementeiras: aquele que um dia  haveria de ser grão de trigo por sua virtude nutritiva, por enquanto é um semeador, conforme se diz nos evangelhos: o semeador saiu a semear.

Jesus, é verdade, espalha a semente generosamente, mas a quantia do fruto depende da qualidade do terreno.
Porque no terreno pedregoso facilmente a semente seca, e não por impotência da semente, mas por culpa da terra, pois enquanto a semente está cheia de vitalidade, a terra está estéril por falta de profundidade.
Quando a terra não mantém a umidade, os raios solares penetrando com mais força ressecam a semente: certamente não por algum defeito na semente, mas por culpa do solo.

Se a semente cai em terra cheia de espinhos, a vitalidade da semente acaba sendo sufocada pelos espinhos, que não permitem que a virtualidade interior se desenvolva, devido a um condicionante exterior.
Em vez disso, se a semente cai em terra boa nem sempre produz resultado idêntico, mas algumas vezes trinta, outras sessenta, e outras cem por um.

A semente é a mesma, os frutos diversos, como diversos são também os resultados espirituais naqueles que são instruídos.
Saiu, pois, o semeador a semear: em parte o fez pessoalmente e em parte através de seus discípulos. Lemos nos Atos dos Apóstolos que, após o apedrejamento de Estevão, todos – menos os apóstolos – se dispersaram, não que se desagregassem por causa de sua fragilidade; não se separaram por razões de fé, mas simplesmente se dispersaram.
 Convertidos em trigo por virtude do semeador e, transformados em pão celestial pela doutrina de vida, difundiram por toda parte  sua eficácia.

O homem certamente  faz tudo o que está ao seu alcance; mas não está ao seu alcance o fazer frutificar. Ao homem lhe cabe semear; a Deus, dar o crescimento. Quando a semente começa a brotar e cresce, desprende-se da espiga e o fruto indica se, se trata de trigo ou de joio.
 Mediante os apóstolos , Jesus semeou  a palavra do Reino dos Céus por toda a terra. Os agricultores da Igreja, vamos metendo pelo semeado o enxadão das palavras, para cultivar o campo de modo que dê fruto.

Ainda desconhecemos as condições do terreno: a semelhança das folhas pode com frequência induzir ao erro aos que coordenam. Porém, quando a doutrina se traduz em obras e adquire consistência o fruto das fadigas, então se revela quem é fiel e quem é hipócrita.
Oração – Semente do Reino
Como se arriscara o camponês a semear sem ver já todo o trigal no punho apertado cheio de sementes? Como olhar a terra com olhos de esperança sem ver já o bosque nas sementes aladas de carvalho levadas pelo vento? Como sonhará o jovem casal sem sentir já no embrião todos os risos e as brincadeiras dos filhos? 
Como entregar-se pelo pequeno, sem ver com olhos novos a utopia do Reino no brotar  germinal que apenas rompe a casa do medo?

Cf.: 1- Lecionário  Patrístico Dominical /tradução e compilação, Fernando José Bondan, Petropolis, RJ: Vozes, 2013: Santo Atanásio de Alexandria? ( séc. IV), sobre a Parábola do Semeador 2-4  ( PG 28, 146-150), pg 173-175 );  2 – Benjamim González Buelta, Unissinos – 15º Domingo do Tempo Comum.

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segunda-feira, 7 de julho de 2014

“VINDE A MIM TODOS VÓS QUE ESTAIS CANSADOS E FATIGADOS SOB O PESO DE VOSSOS FARDOS, E EU VOS DAREI DESCANSO...” - 14º Domingo do Tempo Comum.


“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” – Mt 11,28.
O Cristo ressuscitado nos convida a tomar o seu jugo, porque o seu jugo é fácil de carregar e o seu fardo é leve – Mt 11,30. Há duas interpretações que podemos tomar  sobre a palavra jugo:  primeira: o jugo faz parte da junta de bois que puxam a carga.
 A segunda interpretação é a do pe. Francês Leon Paillot que diz que a palavra jugo está na origem da palavra conjugal, como uma união conjugal que o homem e a mulher olham e vão juntos na mesma direção. É mais fácil que dois sozinhos. 
É, portanto, para uma relação conjugal que Cristo nos convida: propõe-nos um amor conjugal, com ele e entre nós. Para isso, precisamos praticar a mansidão e a humildade do coração: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso” Mt 11,29.
Na vida, é preciso ter fome para compreender os famintos; é preciso ter sede para apreciar a água que sacia. É preciso ter sofrido a injustiça para desejar a justiça; e é preciso ter vivido a rejeição, a condenação e a exclusão para acolher o outro, respeitá-lo em sua dignidade e caminhar com ele.
Os sábios e entendidos não têm necessidade de liberdade: eles sabem tudo  e eles pensam que são superiores aos outros. Eles não precisam dos outros. Além disso, eles impõem aos outros suas doutrinas e verdades, fardos que eles mesmos não levantam nem com a ponta dos dedos. 
Eles são trancados em seu conhecimento e na sua moral, e não se preocupam com a misericórdia, o perdão e o amor. No tempo do evangelho, os sábios e entendidos eram os escribas, os fariseus, os sacerdotes e os doutores da lei que controlavam Deus  e exploravam os pobres. 
Entretanto, Jesus não nos convida à ignorância e a mediocridade. É preciso diferenciar entre aqueles que ignoram uma coisa porque não tiveram a oportunidade de aprender e aqueles que ignoram uma coisa porque se recusam a aprender, assim como devemos distinguir a humildade da humilhação: a humildade é uma virtude e a humilhação, uma abominação. 
A pobreza evangélica não é sinônimo de mediocridade, de relativismo, de desleixo. É exatamente o contrário: a pobreza evangélica é a característica daqueles e  daquelas que não se acham os detentores da verdade, que estão abertos à  alteridade e estão ávidos para aprender e conhecer.
“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso” – Mt 11,29, quer dizer que a pessoa humana é mais importante do que a Lei e inclusive a Lei do sábado: Jesus defende os seus discípulos que ousaram arrancar espigas no sábado, porque estavam com fome; citando o profeta  Oséias, ele acrescenta: “É misericórdia que eu quero e não sacrifício” – Os 6,6.
Tornar-se discípulo de Cristo é encontrar repouso, porque o único jugo que Cristo coloca sobre seus amigos, é o amor.

Raymond Gravel, padre da diocese de Joliette, Canadá, comentando as leituras do 14º  T. C, ano A, tradução de André Langa

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