1º DE MARÇO OU 20 DE JANEIRO? - MUITOS FICAM INDECISOS ENTRE AS DUAS DATAS. POR
ISSO, INÚMERAS VEZES SE TEM COMEMORADO O ANIVERSÁRIO DO RIO DE JANEIRO NO DIA
DO SANTO PADROEIRO.
Para
afastar quaisquer dúvidas, fica aqui registrado sucintamente o episódio de
fundação da cidade.
Em
1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro pretendendo aqui fundar uma
colônia. Em
1564, os portugueses resolveram, enfim, organizar uma expedição para
expulsá-los e fundar uma cidade fortificada com o objetivo de impedir para
sempre outras investidas. Estácio de Sá, sobrinho do governador Mem de Sá,
chegou em terras cariocas no dia 28 de fevereiro com alguns navios e soldados,
desembarcando na praia entre o morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar.
No
dia seguinte, 1º de março de 1565, fundou oficialmente a cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao rei menino de Portugal e escolheu
o santo de mesmo nome para padroeiro, a quem se presta homenagem no dia 20 de
janeiro.
IGREJA TEM PAPEL
DECISIVO NA HISTÓRIA DO RIO DE JANEIRO
O
Rio de Janeiro já se prepara para as comemorações dos 450 anos de sua fundação,
em março do próximo ano. Ao longo dos séculos, a Igreja Católica teve uma
participação decisiva na história e na cultura da cidade. Principalmente nos
primeiros tempos de Brasil Colônia e durante o período imperial, ordens
religiosas tiveram estreita ligação com os acontecimentos históricos.
Jesuítas,
beneditinos, carmelitas e franciscanos foram os primeiros a se estabelecerem na
cidade.
Havia
uma ligação profunda entre Igreja e Estado, de acordo com o frei Sandro Roberto
da Costa, frade franciscano e professor de história da Igreja no Instituto
Teológico Franciscano de Petrópolis.
“Nesse período
colonial existia uma ligação muito profunda. Era quase uma simbiose entre
Igreja e Estado através do sistema de padroado”, destacou. A Igreja tinha uma
influência profunda. Todos os navios que saíam de Portugal contavam com
religiosos.
A
influência da Igreja também foi importante para a aproximação dos colonos e
portugueses.
“Não é possível compreender o desenvolvimento da presença portuguesa no Brasil prescindindo do papel da Igreja. Ela esteve presente em todos os momentos importantes da colônia, seja através do aparato oficial, seja através da religiosidade do povo”
Um dos primeiros episódios históricos em que os religiosos estiveram presentes foi a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1567. A ofensiva lusitana para expulsão dos invasores começou em 1565 e teve participação decisiva dos jesuítas, de acordo com frei Sandro.
“Desde que os portugueses optaram por expulsar os franceses que estavam na Baía de Guanabara e tomar posse da terra, contaram com a colaboração decisiva e fundamental da Igreja através dos jesuítas”.
Outro importante fato da história do Rio de Janeiro foi o estabelecimento da primeira sede cardinalícia da América Latina, com o Cardeal Joaquim Arcoverde. “A cidade começa com a Igreja Católica. Não é possível dissociar a história do Rio de Janeiro da Igreja”, destacou Marcelo Calero, presidente do Comitê Rio450.
Atualmente, a
Igreja também possui papel relevante na construção da história da sociedade. De
acordo com o doutor em história Marcelo Timotheo da Costa, a instituição tem um
“papel fundamental no debate público e político e na defesa de direitos humanos
e da vida humana”.
Marcelo Timotheo
destacou a importância também do jesuíta Papa Francisco, cuja mensagem tem
chegado a todo o mundo. “O fenômeno religioso é social e não privado”,
destacou. “Uma instituição religiosa não está fora do seu tempo e do seu
espaço. Ela tem que ser entendida dentro do contexto da vida da sociedade onde
ela está inserida”, completou frei Sandro.
O protagonismo
da Igreja também está ligado a aspectos de ordem social, de acordo com Marcelo
Calero. O presidente lembrou o trabalho de Dom Helder Câmara, que reverberou no
Concílio Vaticano II: “A Igreja tendo como opção preferencial os pobres”.
Ordens
religiosas
Os jesuítas
foram os primeiros a se estabelecer no Rio de Janeiro. Os sacerdotes chegaram
ao Brasil com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Sousa,
desembarcando na cidade de Salvador em 1549.
Logo depois foram deslocados para o Sul. Coube aos seus cuidados a primeira igreja da cidade, dedicada a São Sebastião e construída na praia entre o Pão de Açúcar e o morro Cara de Cão.
É aos jesuítas que historiadores creditam a implantação de um sistema de educação formal no Brasil Colônia. Em 1570, já haviam aberto escolas de instrução elementar em Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga, além dos colégios do Rio de Janeiro, Pernambuco e na Bahia. Padre Manoel da Nóbrega e José de Anchieta são nomes importantes.
Já os franciscanos chegaram em 1592 ao Brasil e se instalaram em 1607 no Rio de Janeiro. Como as demais instituições, eles se dedicavam à assistência religiosa aos colonos, além de trabalhar nas missões. Havia trabalhos em cidades vizinhas como Nova Iguaçu, Magé, São João do Meriti, Cachoeiras de Macacu. Entre os episódios históricos, houve o tradicional ‘beija-mão’ depois da chegada da família real ao Brasil.
Ao se
estabelecer no Rio, em 1808, Dom João VI passou a visitar o Convento de Santo
Antônio todos os anos no Dia de São Francisco para almoçar com os frades. O Dia
do Fico também teve papel determinante dos franciscanos. Francisco de Santa
Teresa de Jesus Sampaio, o frei Sampaio, era amigo de Dom Pedro I, e escreveu o
documento que foi assinado por várias autoridades.
Beneditinos e
carmelitas se estabeleceram em 1590
Além de serem
presença orante na cidade, os beneditinos tinham influência econômica em
virtude de suas fazendas de cana-de-açúcar. O mosteiro beneditino do Rio de
Janeiro foi fundado em 1590 por monges vindos da Bahia, a pedido dos próprios
habitantes da recém fundada cidade de São Sebastião.
Além disso,
participaram de fatos históricos relevantes da cidade, como a guerra contra os
franceses. De acordo com Dom José Palmeiro Mendes, abade emérito do mosteiro de
São Bento e atual prior, o mosteiro estava em um ponto estratégico e
possibilitou a defesa da cidade. Além disso, depois da chegada de Dom João VI,
os monges deram abrigo a membros da corte e acabou servindo de quartel no
reinado de Dom Pedro I.
“A Igreja está
intimamente relacionada com a história da cidade. A presença da religião era
muito forte. Os portugueses eram religiosos por excelência”, destacou Dom José.
De acordo com ele, um dos nomes importantes da história do Rio foi Dom frei
Antônio do Desterro, beneditino que foi bispo entre 1745 e 1773.
Os carmelitas
estão no Rio de Janeiro em três ramos: frades, monjas e seculares. De acordo
com o carmelita secular Elcio Deccache, há também outras congregações com o
carisma carmelita que vivem outras formas de vida. “Essa riqueza de formas de
viver o carisma se deve em muito à regra de Santo Alberto, e por isso está
presente também entre os carmelitas da antiga observância”, ressaltou.
O Rio de Janeiro
também foi o primeiro lugar do mundo a ter uma igreja dedicada a Santa
Teresinha. Frei Fábio Magno, frade da Ordem dos Carmelitas Descalços, é o
pároco do Convento e Paróquia Santa Teresinha, na Tijuca. Ele lembrou que a
Igreja foi inaugurada em 1927, apenas dois anos depois que a jovem santa foi
canonizada pelo Papa Pio XI.
Texto Teresa
Fernandes
Testemunho de Fé
Arquidiocese de
São Sebastião do Rio de Janeiro
Arcebispo
Cardeal Dom Orani João Tempesta
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ArqRio.org