segunda-feira, 18 de agosto de 2014

ASSUNTA AO CÉU – 20º DOMINGO DO TEMPO COMUM


A arca da Aliança, em cujo interior guardava-se as Tábuas da Lei  de Deus, se perdeu ao longo da História. O desterro, o exílio, o prolongamento do Êxodo, causaram ao Povo eleito perdas e ganhos no seu caminhar na história. 
Caminhada árdua e muitas coisas foram sendo deixadas  pelo caminho e outras sendo adquiridas. Resta, contudo, a Lei  que foi transcrita  das pedras  para o coração. 
Isto ninguém poderá tirar-lhe, pois o próprio Senhor lhe assegurou: “Dar-lhes-ei um só coração, porei no seu íntimo um espírito novo: removerei do seu corpo o coração de pedra, dar-lhes-ei um coração de carne, a fim de que andem de acordo com os meus estatutos e guardem as minhas normas e as cumpram” - Ez 11,19s. 
É uma experiência de vida que caminha entre avanços e retrocessos, até que  chega o Tempo da realização das promessas anunciadas pelos profetas e realizadas por Jesus Cristo. 
Eis que Ele vem. Em sua antecipação, entre sinais e prodígios, temos a visão de uma mulher: “vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa com doze estrelas” – Ap 11, 19ª, ‘antecipando aquilo que será a futura realização de todos nós, na pessoa de uma mãe que carrega em seu seio o Verbo Eterno feito Homem’, fazendo ressoar a “voz forte no Céu proclamando a realização da salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo” – Ap 11, 10.
A celebração da solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu é essencialmente uma celebração da vida humana entrelaçando-se com o divino. 
O evangelho de hoje, Lc 1, 39-56, traz-nos a experiência familiar bem comum à nossa realidade: o encontro de duas mulheres que se conhecem e se ajudam nas tarefas da casa.
 Maria, a jovem que será mãe em  breve , corre ao encontro de Isabel, que em sua gravidez tardia, receberá de Maria toda a atenção, o que  demonstra que o humano é profundamente divino. 
Tão divino que Isabel ao ouvir a saudação de Maria, a criança pulou de alegria no seu ventre e Isabel “ficou cheia do Espírito Santo”. Presença e solidariedade de Maria. Graça e benevolência de Deus realizando maravilhas.

Prezados irmãos, se, se tira aquilo que nos constitui como pessoa, ou seja, a nossa natureza humana constituída da razão e que nos dá a capacidade para a liberdade; se, se tirar isto de nós, o quê nos restará?  
A pura e simples animalidade! Seríamos puramente animais. Buscaríamos apenas, pelo instinto, a sobrevivência e continuação  da espécie. No entanto, apesar desta extraordinária capacidade de sermos o que somos, há um grande abismo entre nós: a intolerância, a não aceitação, a indiferença, o egoísmo, a exclusão que geram injustiça e violência e consequentemente, a morte. 

Se por um lado há sinais de anúncio e salvação entre nós, por outro, há sinais de guerras, doenças, fome, morte que chegam até nós com matizes  ideológicas políticas e religiosas ou por etnias. 
Assim, vemos agressões mútuas entre palestinos e israelenses, Iraque, Síria; fome e desespero em muitos lugares, desde o Haiti, África e em países em  via de desenvolvimento ou desenvolvidos.

O quê nos falta?  Nesta solenidade da Assunção de Maria, podemos aprender dela e com ela: sua escolha pelo Senhor, a sua alegria em ter o Senhor olhado para a sua humildade e realizado nela maravilhas. O nome santo do Senhor moveu-a  ao encontro de todos nós  com sua misericórdia.
Oremos pelos que sofrem.
Oremos pelos que consagrados por causa do Reino do Céu.

Paróquia Santa Edwiges em Brás de Pina
Pároco Pe Givanildo Luiz Andrade
Imagens Daniel Verdial

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